quinta-feira, 30 de junho de 2011

Intimidamente massacrado

Se deixo-o ir
Sufoca a dor suprema
Mas se fica
Que estrago é esse que solidifica?

Pois então,
Abro a porta
Preciso de ar!

As trincas já eram frouxas demais
Fiz questão de destrancá-las
Para que a aurora serena entrasse devagar
E tu saísse depressa

Entre devagar!
Saia depressa!

Tu, tens poder tamanho de destruição
Oh... De auto-destruição!
(Mal o sabe)

Se transborda no deleite de me massacrar na tua vida
Meu bem,
Eu te excluo de dentro de mim!

terça-feira, 28 de junho de 2011

A um velho... Velho amor

Pensamentos lívidos que te trouxeram de volta
Eis que surge a saudade
Saudade de que?

Talvez dos meus desejos de menina
Que te tinham tão perto de mim

Mas eu te deixei partir...
Partiu em lágrimas
Como quem amava pela primeira vez

E eu de tanto amar,
Deixei que sozinho
Fosse levado pelo vento

O vento lhe trouxe tantas flores
Tantos amores
E eu aqui, perdida nesse pequeno ego

Te ligo e te digo
Que sinto saudade
Saudade de que?

Saudade...
Saudade das velhas madrugadas

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Até o silêncio se calar

Tu que já não inspiras
Não cativas
Não torna-se presente na ausência

Tornou-se silêncio no peito meu
Tu que já não és
Se és, és tão pouco
Que não tocas
Não causa pensamento
Nem transpiração

Que rosto tens?
Tu vemes quando finjo não lhe ver?
Se vejo – Quem és tu?

Amor nosso que se perdeu
Homenzinho menino sem nome
Diga olá pros dentes amarelos
Diga adeus a meu olá

Brincadeira com onomatopéia

Tu és mentira
Sou louco papel branco
A espera de uma tinta
És o fraco, o sacerdote
A mão levantada pro céu pedindo glória
És a recusa, o apelo do não
Sou o oitavo pecado capital
Tu pecas
Nós conjugamos
Vós rezais
Ele erra
Eu firo, eu piro, eu...
Tu... Tum... Tu... Tum
Tu te findas
Tu te eterniza
Eu me conjugo o pecado oitavo
Para um só pecados
Tu... Tum... Tu... Tum

Velha ironia

Quando acordo de um toque
Um primeiro toque de um velho beijo
Acordo escolta
Eram todos mortos
E eu viva num corpo insólito de solidão
Era como se já tivesse vivido tudo aquilo...
Morta, Paulo morreu
O que sobrou vivo dentro de mim, morreu
Deus, por quê?
Por que tiraste de mim o bem maior que tu me deste?
Tiraste, depois mataste
Não Deus, comé que fazes isso comigo?
Dói rasgante
Nem sei quanto dói, é tanto...
Vazio irreparável
Volte Paulo, não se vá
Não se perca de mim
Ou me leve contigo
Mas não me deixe só...
Sou um envolto de pó
Que se desmancha na tua ausência.

Finda-te

Que aperto errôneo
Mediante a longitude
Longe se vai
Vai-se puras da mente
Aperte-me lento
Relento e impuro e insano
Como um beijo sorumbático de despedida
Que não pode
Mas partiu,
Partiu e sentiu-se partido.
Aprenda-lhe!
Doer é desgaste
Cria o perdido
Lutado pela vivência numa poça d’água
Na vida cretina
Dolorida de se viver
E amar que foi-se lindo
Lindo é lacrimejante
Corta errante
Num sonho findo
Vergonha num vácuo
Que ecoa o amigo
Que não sente a dor
À ferida ferida, Ah!
Saudade
Que saudade de Maria
Trago-lhe tragada no pulmão
Intoxicando meu sangue
Sangue doentio
Corpo parasitário.
Ouça as batidas
Desse meu coração
Quanta falha!
Quanta indigestão!
Vem Maria, vem pra perto
Escute essas lentas batidas
Que de tão lentas, findam
Findam como tu findaste
Na tua mentira.

Logo, demoro, recobro

Tu que fosses presente
Que deu vida insólita a versos de amor
Fora esquecido num banco qualquer
Tu, que hoje, ausenta até do passado
Deixou espaço...
Causou lástima.
No vazio que pensei
Que fosses perene
Na mente,
Palpita o coração
Veio impávido
Imiscuindo em minha vista
Retratando o receio de uma nova paixão
Quieto, sorrateiro
Sorri mostrando os dentes
Envolve-me numa ilusão
Chame-me pra perto
E me chama atenção!
Faz-me sambar,
O samba brasileiro
E me remata os olhos
Com lábios frios de solitude

Plutón

Olhe esse caronte
Mistificado e esquecido
Olha que olhos são esses
Frios e telepáticos
Olha que vida perdida
E fadigada no espaço
Olha a nuvem de poeira
Tóxica, iluminada
Olha que mágico
As cores planetárias
Vindas sem vida
Do mundo imaginário
Solidão gasosa
Poeta enigmático
Gira num balanço
Gira feito um pião
Mas que órbita negra
Obra! Olha!
... Já não sou planeta.

Pássaro cor de infinito

Todo dia
Um pássaro preto
Pousa em minha mente
Vem cantando
Importuno
Denigre tudo que há em mim
Mas eu o espanto
- Vá embora exímio degradador!
Doidivanas... Ele volta
Vem com mais uma dor.
Vem pequeno,
E expande-se
Com toda impureza de suas belas asas
Arruína minha vista
E não me perde de vista.
Faz parte da nova paisagem
E faz um negrume em minha meta.
- Vá embora núncio de acabrunhamentos!
Parte o negreiro, foi pra Vera Cruz
Num instante inexato da fadiga e da dor
Provém,
Faz falta o preto
Da paisagem colorida
Do encanto partido
Da dor acompanhada
Em desespero da falta do amado
Que facécia! Que falência!
É cruenta a ausência
Da presença do que lhe acompanha
Em dor.

Ele fez-se fim na história

O rio secou,
O peixe morreu.
Morreu...

Impulsante

Afaste de mim essa dor
Incessante e interminável dor
Que cativas a indigestão de um amor
Clara e abominável dor
Que atravessas o rio
E ousa atravessar a rua
Acompanha-me! Prenda-me!
Mas que dor...
Desacompanhe-me! Solte-me!
Tu que fois minha maior companheira
Está na hora de me dizer adeus
Como todos os outros fizeram.
Pare de ferir! Pare de me conduzir!
Oh dor, o valor que tu me deste
Dói.
Dói, tu dói
No meu martírio incessante
E interminável... Dor.

Redobra recobra

Sois que és branco
E choras pela morte
Que não vem
Morte desejada
Que procuras
Mas
Tu que és benévolo
Que mentis veemente
Que escreves num pasquim
Teus versos de amor
Sorumbáticos
Tu que merecias o penar
Que fez do teu sofrer
A arma mortífera
Da própria amada
Tu que eras o dileto
E tornaste sem ajuda
O predador
Tu que sempre fugis
Feito uma cobra flácida
Da indesejável dor
Tu que perdeste
O que havia de mais indubitável
Dentro de si
Desejas a morte
Por achar que teve muitos amores
Tapa os olhos
Tentando não ver
O flamejante diamante negro
Que o ronda
Tu que já estás morto
Por evadir à luta
Do que é perene
Foges da vida que desejas
Procurando em outros braços
O complemento
Sabendo que entre morte e vida
Tu não vives
Sem vitória em guerra.

Fujo, Te crio, Vigio

Se já tivesses morta
Não saberia que sois o maior vadio
Se fosses surda
Não acreditaria em minhas mentiras

Se não tivesses bebido do meu sangue
Não saberia teu nome
Se tivesses me enganado
Eu bailava em sete mares

Mas se fosses diferente
De amor, não morreria
Se eu tivesse insistido
Ela me deixaria

Mas se hoje vivo assim
Fazendo da iniquidade meu bar
É refúgio

Tento me embriagar da tua ausência
E da tua falta

Em vão, encontrar alguém
Que consiga preencher esse vazio

Vazio que ecoa
Vazio que nem pássaro pousa
Vazio que se um dia ela chegar
E ao menos dizer olá
Flore

Flore com o coração sorrindo
Onde nem lago nem rio Inunda
Mas só ela...

Que abandonei
No pesar de ser quem diz.

Tu cativas o que desejas

Seu Tião foi buscar,
A arma que me mataria.
Mas coitado,
Errou o alvo
Atirou em seu próprio pé.
Ficou sem dedo,
O dedo do pé.
E adivinha José,
Quem foi que lhe acolheu?
Eu, eu, eu.

Linhas tortas

Se a tua intenção foi me ferir
Querido, estou a sorrir.
Aplaudo se quiser,
Teu novo amor.
Abençôo se puder,
Sua fracassada intenção
De me trair.
Deseje no céu,
Chame-a de princesa,
E digo:
Posso estar na esquina.
Se quiser,
Vá conferir!
Mas esqueça,
Não se entristeça
Meu sorriso
Não ira se desmontar do retrato.

Te, Me, Se

Eu te visto toda noite
Eu te espero todo mês
Eu te engano de dia
E te amo bem além.

Fim

Lágrimas caídas no chão de um lugar qualquer
Ela se encolhia e tornava-se menor do que já era
Respiração pesada
Cacos de vidro por toda parte.
Ela se culpava
Ela se sujava
Era sangue pra toda parte.
Os pedaços iam aumentando
E multiplicando
Até que ela colocou à venda
Os pedaços de seu coração.
As lágrimas foram levadas
Para a horta, donde flores
Precisavam viver
Já que ela já não o fazia.
A respiração foi acalmando
E se acalmando
Até que não houve mais nada.
Nada além de um corpo frio
Acompanhados por flores lindas
E tristes, que ela mesmo
Havia regado.
Os cacos já não existiam,
Ela os havia digerido.
E então, ela
Foi regada
Numa última vez
Por corações partidos
Que em cima dela lacrimejavam.

Vaso quebrado

Abri meu coração
Como se abria uma janela
Janela de vidros quebrados
Pois fora assim,
Que meu pobre coração
Partiu.

Primeiro de maio

Eu me lembro, quase sem lembranças,
Do primeiro de maio.
Sangrado por tantas lágrimas
Naquela noite, bêbada e machucada.
Tu pedias para que eu te amasse
Eu quase sem força
Tentava entender, desesperada
Porque tanto me enganava.
Os olhos cansados
Secavam as lágrimas.
Ferida aberta
E recém criada.
E por fim,
Tu derramaste lágrimas.
E por um momento,
Olhei dentro daqueles olhos lindos.

Que ainda mentiam
Que ainda me enganavam
E ainda me machucavam. O dia amanhecia,
Tu não me deixavas ir...
E eu me perguntava: O que queres de mim?
E hoje, nem maio,
Nem dezembro:
O que queres de mim?
Temes me olhar.
Temes conversar.
Teu coração bate?
Eu te faço ferir?
Querido, sente-se.
Primeiro de maio está tão longe.
Se hoje é tu quem choras
Amanhã, eu quem lhe farei sorrir.

A falta

As batidas de seu coração iam parando lentamente
Ela estava asfixiada com tanto ar.
Ela já não suportava tanta dor,
Tanta dificuldade
E aquele abandono.
Sabia o nome da doença,
Doença que não cura,
Mas que quando se está bem...
Faz bem como ninguém.
O monitor estava deixando a linha reta
E ela, como nunca
Disse adeus.
E foi,
Foi na falta de um amor.
Asfixiada com tanto ar.

Reflete a reflexão

Mariquita parou em frente ao maior espelho de sua casa.
Poderia ser o menor, mas que ao menos coubesse algo pequeno de seu rosto
Os olhos, que fixamente se refletiam, para entender...
Ficou durante três horas e meia, sem cansar.
Ou seria, três dias e meio?
Já não se sabia, aliás... Quem soube?
Ela parecia ter ensurdecido.
Era ela, e nada além... dela.
Ela gritou, ela chorou.
Mas se olhava, como se lia um livro.
E se lia... Como nunca havia feito.
E então... Quando se deparou ao que havia de maior
Dentro de si
Gritou.
Um grito perturbador, e logo após
Sorriu.
Despertou pai e mãe,
Vizinho e padeiro...
E todos queriam saber.
Linda e sorridente, ela disse:
Hoje sei bem quem sou.
Não temo,
Não ardo,
E não sofro...
Tenho um grande amor.