quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Um jardineiro negligente

E dessas flores, José
Qual é a mais bonita?

Desvendas num
Encanto partido
A dor serena

Engole-te sem mastigar
Esse amargo gosto de ferida

E você, José
Por que demonstras que não me quer?

Adoça-te a boca
Com outra saliva
Engana-te boba
A malfeita comida

E se o cheio da minha rosa
Não te encanta
Por que me devoras
Num olhar de partida?

Sendo que,
A aurora nos enrola
Tornando-me uma marta
E você, um mastodonte

Tu te entregas
Como um rapaz faceiro
Torna-te impávido
E recita teus versos insólitos

Não negue o teu amor, José
Envolva-te além do espelho

Recorra à flor amarela
Que atrás do monte
Morre...

Morre pela tua frieza.