quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Artificial

Se versos coubessem a dor que trago no peito
Se fumaça fosse suficiente pra mostrar como ardem essas calorosas lágrimas
Se houvesse algum lugar que me acolhesse
Que me tirasse desse sufoco
Se eu pudesse dizer
Se eu pudesse cantar, ou até mesmo brincar
Com palavras que me ajudassem...

Que braços são esses que não cabem tamanha angústia?
Que ouvidos são esses que se surdam ao me ouvir na calada da noite?
E minha falta de voz?
Ah, se o mundo me ouvisse!
Passaria fome pra darcomida aos que sentem fome
Sentiria frio pra dar calor a quem teme o sereno

Mas seu eu pudesse dizer
Que eu não acredito no mundo
E que todo mundo deixou de acreditar em mim?

Se uma gargalhada sequer,
Se um domingo se instala
Porque não sorris comigo?
O vento é o único que me guarda

Porque esse negro céu não desaparece?
Porque esse imenso coração não se aquece?

Sento-me diante da justiça
Mas ela não me serve
Se me serve
Porque senta-te calada?

Sinto brecando e pedindo ajuda
Mas a quem socorrer?

Pedir comida a quem sente fome?
Justiça às mães que perdem seus filhos?
Ou até mesmo paz a quem mata a um tiro?

Mundo confuso
Porque hei de acreditar em ti?

Se quem me pôs no mundo
É morto mesmo vivo?
Se peço silêncio e ouço gritos?

Poeta louco
Morte agoniada
Doença de falta

Falta de tudo
Num mundo de nada

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